domingo, 8 de agosto de 2010

Day 24 — The person that gave you your favorite memory

Hey, dad, look at me
Think back and talk to me
Did I grow up according
To the plan?



Pai,

Teve um dia que até hoje eu falo que foi o melhor dia da minha vida. Eu acho que você não se lembra, porque faz tempo. Mas eu me lembro, e essa é uma daquelas lembranças que a gente não quer esquecer NUNCA. Eu tenho até medo de algum dia me esquecer disso. Foi meu aniversário de catorze anos.

Eu lembro que tinha decidido que ia pra escola. Minha mãe não podia faltar nem meus irmãos, e eu achava que você também não. Então, eu coloquei aquele uniforme LEEENDO do Guararapes – camiseta amarelo-gema de ovo e aquela calça marrom. Entrei no seu carro crente que você ia me levar para a escola. Então, de repente, você mudou o caminho.

Eu te olhei com aquela cara de “o quê?” e você começou a rir daquele jeito que você faz quando apronta alguma coisa. E eu nem conseguia acreditar naquilo. E você começou a me perguntar o que eu ia querer de presente e eu falei “Um livro!” e aí você ergueu uma sobrancelha e disse: “Tá, contanto que não seja Harry Potter. Não agüento mais ver coisa daquele moleque na minha casa!” E aí nós dois demos risadas e fomos para a Saraiva do SP Market.

Inclusive, eu lembro que eu pedi “O Estranho Caso do Cachorro Morto”, e era o último exemplar que tinha. E você ficou impressionado depois, à noite, porque eu li o livro todo em questão de horas. Mas não é que eu fiquei lendo ele o tempo todo, e acho que foi isso que te surpreendeu.

Aí, depois de comprar o livro, você me levou pra praça de alimentação e a gente comeu naquela Comida da Fazenda – ou algo assim – que tinha uma comida deliciosa que a gente sempre adorou comer quando ia lá, lembra? E nós comemos e ficamos conversando sobre um monte de coisa e sobre nada em especial, e demos muita risada. E quando achei que nós íamos embora, você me levou até uma lanchonete e comprou dois pedaços de bolo e nós sentamos em outra mesa. E aí você começou a cantar parabéns e a bater palmas e eu fiquei vermelha de vergonha e te disse pra parar, mas no fundo, eu estava adorando e queria que aquele momento durasse para sempre.

Olha, eu sei que as coisas entre a gente não tem sido boas há um bom tempo. Eu sei que a gente não se dá tão bem quanto poderia. Sei que a gente mais briga do que outra coisa. Sei que a gente não conversa sobre tudo que deveria. Mas isso não quer dizer que eu não te ame. Isso não quer dizer que eu não me importe com você. Quando você começou a ter essas doenças, pai, eu me acabei de chorar. Eu quase nem dormia à noite. E quando acharam que você poderia ter câncer eu entrei em desespero, eu ficava tremendo o tempo todo e precisava segurar as lágrimas sempre.

Então, é isso. Você disse que não é muito de conversar ou demonstrar carinho, e eu sou igual pai. Talvez você não tenha notado, mas eu sou igual você em um monte de coisa, e não é só na aparência.

E desde que eu era pequena, eu te admiro muito e tenho muito orgulho de dizer que sou sua filha. Apesar de tudo, pai, eu adoro você. E sinto falta de quando nós dois brincávamos juntos e você me pegava no colo e eu te chamava de papai. Mas mesmo que esse tempo não volte mais, você sempre vai ser o melhor pai do mundo. E eu espero continuar sendo sua princesinha.

Da sua filha que te ama,
Fernanda A. Godoy.



(PS: Feliz Dia dos Pais ♥)

(PS2: Eu sei que vivo reclamando do meu pai, mas, assim como todo ser humano, ele tem qualidades e defeitos. Nem sempre ele é um monstro - às vezes, ele REALMENTE é o melhor pai do mundo.)

1 comentários:

Davi disse...

#euchorei

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