quarta-feira, 21 de abril de 2010

The boy who was always smiling




A lembrança mais antiga que ela tem dele é de seus quatro/cinco anos. Ela não lembra bem como o conheceu - só sabe que suas mães davam aula na mesma escola e que por isso eles ficavam brincando juntos com mais três meninos e uma menina quando acabavam a aula e ficavam esperando suas mães terminarem de trabalhar. E ela se lembra perfeitamente bem que foi ele quem a ensinou a brincar com aquelas hélices de plástico que ela nunca conseguia fazer voarem.

(Ela se lembra perfeitamente bem dele segurando sua mão para mostrar como se fazia - mas, ao contrário do que era de se esperar, ela não ficou constrangida com aquilo, porque estava completamente acostumada a tê-lo tão próximo a ela.)

(Ela também lembra que, quando eles eram pequenos, ele tinha um roupão de banho - que ele deu para ela quando ela começou a fazer natação, dizendo que era para que não sentisse frio ao sair da piscina. E ela guardou o roupão por mais de dez anos.)

E então, eles acabaram crescendo e se afastando.

E quando eles se reencontraram, ela tinha doze anos. Doze anos - estava começando a prestar atenção nos garotos. E ela não pôde deixar de reparar em como o cabelo dele era bonito (parecia feito de ouro), e em como os olhos dele brilhavam (eram castanho-claros), em como os óculos o deixavam tão charmoso (mesmo que ele sempre tenha usado óculos).

Mas ela se sentiu tão mal e culpada por pensar nele daquele jeito - principalmente porque eles estavam num hotel-fazenda, fazendo um churrasco na piscina, e ela se sentia terrível por estar reparando naquelas coisas que, na cabeça dela, eram muito indecentes.

(Ela não conseguiu parar de pensar nele. Porque ele continuava o mesmo garoto que sempre sorria de sempre.)

E então ele apareceu em seu aniversário, e ela ficou toda vermelha quando ele lhe abraçou para lhe dar os parabéns. E agora ela sempre o via nas festas que tinham na escola onde sua mãe trabalhava.

(Só que ela não tinha coragem de falar mais do que "Oi" para ele, porque ela era tímida demais. Mas ela já sabia que o amava.)

E então, sua mãe mudou de escola.

Foi repentino, desse jeito mesmo.

E ela achou que o esqueceria.

Mas, aos catorze anos, ela mudou de escola. E foi para a mesma escola onde ele estudava.

(Ela o reconheceu no primeiro dia de aula, logo que o viu - ele estava um ano na sua frente. Mas ela o reconheceu - o cabelo, o charme, a voz, o jeito e, principalmente, o sorriso.)

Então, ela descobriu que uma de suas amigas já tinha gostado dele - mas agora ela estava namorando.

(Só que o namorado dela terminou com ela; e a garota achou que sua amiga precisava mais do garoto-sorridente que ela.)

Ela fez de tudo para que sua amiga ficasse com ele. De tudo. E eles ficaram.

E a escola inteira viu.

(Ela ficou muito feliz por sua amiga, muito mesmo. Mas não pôde evitar a dor em seu peito - como se alguém tivesse enfiado a mão lá dentro e estivesse apertando seus pulmões até que ela tivesse uma parada respiratória.)

Mas essa mesma amiga não olhava mais na cara dele depois de uma semana; e ainda começou a namorar um de seus amigos. E, ainda por cima, virou as costas para ela quando ela mais precisou.

(Ela se arrependeu muito, mas ao mesmo tempo soube que fez a coisa certa.)

[E, mesmo depois que ele mudou de escola, ela ainda pensa nele, às vezes. E fica se perguntando como pôde gostar dele por tanto tempo.

Não era por causa do cabelo, dos olhos, do jeito, da voz.

Nem do sorriso.

Era por tudo que já haviam passado juntos. E porque o destino parecia sempre fazer com que eles se cruzassem de vez em quando.

E porque ela sabia que, se ele voltasse a aparecer em sua vida hoje, ela voltaria a amá-lo, como sempre.]







Porque eu o vi na rua outro dia, e eu o reconheci. Eu tenho certeza. E isso foi tão estranho - saber que, depois de três anos, eu ainda reconheço ele.
(E seu sorriso, claro)

2 comentários:

Saki (Duende Junior) disse...

Nanne...

Você é tão bonitinha, amore mio s2
(E sua história parou numa vírgula. Ainda pode ser retomada ♥)

*esqueceu o que ia dizer, mas deseja felicidades e que você o reencontre de vez e que dê tudo certo para os dois*

Nina Auras disse...

Quoto tudo o que a Saki disse. Sério ♥

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