sábado, 10 de julho de 2010

You'll be my friends forever, my dears



Então, eu fui ser a criança feliz que sou e assisti Toy Story 3. E querem saber? O filme é simplesmente encantador. E o final me fez chorar - não que isso seja difícil, claro. Mas é que aquilo simplesmente me tocou de uma maneira muito estranha, porque uns dias atrás eu e minha mãe estávamos conversando sobre a minha Magali e ela me perguntou quando eu ia dar ela. E eu simplesmente olhei pra ela com aquela cara de "você-acabou-de-falar-a-maior-besteira-ever". E aí eu simplesmente respondi: "Eu não vou dar minha Magali. Ela tem até data de aniversário!" e eu falei isso como se fosse a coisa mais lógica do mundo. E só depois é que foi cair a ficha de que eu tinha acabado de falar que uma boneca velha, toda remendada e suja tinha data de aniversário.

Mas é que agora eu olho pra ela, com as roupas remendadas por cima da roupinha original pro estofamento não sair, com o rosto tão sujo que nem álcool tira mais e velha Pô, ela vai fazer catorze anos no Dia das Crianças (eu disse, não disse?). Mas eu simplesmente não consigo me livrar dela, assim como o Andy não quis se livrar de seus brinquedos até chegar na faculdade. A Magali é especial demais, pra mim.


Eu acho que o mais difícil nisso tudo é o fato de que eles são as maiores lembranças que eu tenho da minha infância. Eles, sim, porque além da minha Magali eu ainda tenho o Leo, um leão de pelúcia ainda mais velho do que ela e com o qual eu sempre durmo abraçada, e um boneco de vinte reais [q] do Rony. E eles são o que resta. Não sei onde foram parar minhas Barbies - todas sem as pernas de tanto eu brincar de lutinha [qq] com elas - nem o meu Ken falsificado, nem o meu Nino, do Castelo Rá-Tim-Bum, nem minha tartaruga de pelúcia colorida, nem minha caixa com brinquedos do McDonnald's e do Kinder Ovo, e nem os meus dois coelhos de pelúcia. Eu só tenho agora esses três brinquedos pra me lembrar de quando eu era mais nova.



Porque tá, até tem as fotos - mas elas não tem as lembranças que eu quero. Eu não consigo pegar em fotos e lembrar de como eu costumava brincar. Mas quando eu pego minha Magali, eu lembro de levar ela pra escola no dia do brinquedo; eu lembro de não deixar ninguém sujar ela e de dar aloka sempre que tentavam colocar as mãozinhas nela, eu lembro de sempre entrar em desespero quando ela começava a rasgar em algum ponto. Quando eu pego meu Rony de camelô eu me lembro da felicidade que foi pegar ele nas mãos e de sempre espancar meus irmãos quando eles arrancavam a cabeça dele e eu tinha que colocar de volta; eu lembro de levar ele pra escola - e eu estava na quinta série - e exibir pra todo mundo, mesmo ele sendo barato. Quando eu pego meu leãozinho, eu me lembro de ter três ou quatro anos de idade e do meu avô me trazer um monte daqueles bichinhos da máquina que tinha na padaria onde ele trabalhava, e aí eu posso pensar em como eu tinha bichinho de pelúcia pra caramba e me perguntar onde será que eles estão agora.



Mas querem saber? Eu não vou me livrar deles tão cedo. Não me importa que eles se sintam solitários porque eu não brinco mais com eles. Eu os amo. De verdade. Afinal de contas, é neles que está toda a essência da minha infância - e isso eu não quero perder nunca.

1 comentários:

Fernanda Cristina Vinhas Reis disse...

Eu também quase chorei em Toy Story 3! E quanto aos bonecos, eu ainda tenho a minha Meu Bebê, que eu ganhei com dez anos (você sabe a minha idade!) e minha Quem-me-quer, que a minha avó me deu e é praticamente a única coisa que eu tenho dela. fora os jogos de infância (Vida, banco imobiliário, etc). Então, eu entendo muito bem o que é isso. Beijos!

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