domingo, 11 de abril de 2010

Camellia



Dora agora já estava mais crescida – era praticamente uma mulher feita. E, por mais que Miguel lhe dissesse que eram apenas irmãos, ela não conseguia mais fazer de conta que o que sentia por ele era apenas isso. Principalmente agora, que ela estava efetivamente se tornando uma colônia. Não queria. Não queria.

Mas o que ia fazer? Não podia simplesmente dizer aquilo para ele, podia? Não podia. Principalmente agora, que ele pelo menos estava lhe dando atenção. Não sabia por que ele passara tantos anos distante; tantos anos em que só vinha tomar seus escravos e levá-los a algum outro lugar. Mas estava feliz que ele realmente estivesse lhe dando atenção agora. Provavelmente, estivera ocupado durante aquele tempo. Ela compreendia. Ele era um grande país, devia ser muito ocupado. Devia ser difícil achar tempo para conciliar tudo – mas ainda assim encontrou tempo para seus irmãos e para ela.

“Ele só está nos dando atenção agora porque o favorito pediu independência, sua boba.” Guiné-Bissau lhe disse, cruzando os braços no peito.

“Mentira!” ela exclamou. “Pare de mentir, Pedro! Ele nos deu nomes! Ele disse que seremos irmãos! Ele vem nos visitar! Ele...”

“Ele foi rejeitado pelo Brasil e agora quer usar a gente só pra fazer ciúmes no outro, Angola! E não me chame pelo nome que o bastardo me deu!” Ele suspirou e passou a mão pelos cabelos crespos. “Quer continuar se iludindo, continue. Mas um dia você vai enxergar.”

Bufando, Dora virou as costas, jogando as longas tranças negras para trás, e saiu, batendo os pés. Pedro nunca lhe ouvia, e só não gostava de seu irmão Miguel porque sentia inveja. E Guiné-Bissau apenas se perguntava quando ela abriria os olhos para a verdade – que Miguel só gostava de seu irmão latino, grande e rico, e não deles, africanos pobres que só serviam para ceder escravos.

Mas ele sabia que um dia Dora perceberia isso, também.







(Ah, sim. Outro trecho de fanfic sobre OCs. De Hetalia, obviamente. E este eu pretendo postar algum dia - não muito distante, espero eu)

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